Esse assunto sempre é mal interpretado. |
Essas frases geralmente são seguidas por um balançar de cabeça da pessoa que a ouve como se quisesse dizer: “é verdade o que você falou. É melhor deixarmos isso de lado e continuar a seguir o nosso caminho”. A impressão que dá é que elas são pessoas humildes e sábias. No entato, o meu alvo nessa postagem é desafiar você a pensar de forma diferente dessas pessoas e seguir o que a Bíblia diz a respeito desse assunto.
Talvez duas passagens da Bíblia sejam muito mal usados pelos cristãos, complicando o nosso entendimento sobre o assunto. São elas: Mateus 7:1 e Romanos 14:13. No primeiro caso, precisamos saber que a passagem não está proibindo todo tipo de julgamento até porque os próximos ensinos do sermão do monte precisam ser praticados com a ajuda do discernimento, julgamento e o pensar sobre determinadas coisas e tomar uma decisão sobre determinados assuntos ( como saberemos quem são os cães e os porcos do verso 6 ou como saberemos quem são os falso profetas (v.15). É mais que notório que o julgamento é essencial para tomarmos uma decisão). Antes, a passagem está proibindo aquele tipo de julgamento hipócrita, injusto e repleto de justiça própria. Romanos 14:13 está no mesmo barco, mas um pouco diferente. O julgamento proibido aqui é o julgamento sobre aquelas coisas que a Bíblia não proíbe e nem fala sobre aqueles assuntos. Podemos pegar como exemplo uma coisa bem simples que algumas igrejas há alguns anos ensinavam. Elas diziam, não todas e nem a maioria, que era errado jogar futebol. O que a Bíblia fala sobre o assunto? Nada. Então, se não fere mais nenhum princípio da Bíblia e tampouco um mandamento, então fica a escolha de cada cristão. Nesse sentido, Rm 14:13 diz: “Portanto, deixemos de julgar uns aos outros” ( para ajudar a entender a passagem, leia também Cl 2:16). Não é uma proibição. Os grandes vacilos que cometemos ao ler a Bíblia é pensar que ela foi escrita em versículos. Não. Existem contextos. O primeiro contexto é o da passagem. O segundo contexto é o do livro no qual o versículo está. O terceiro é o gênero do livro e o último é a Bíblia toda.
Assim como o professor que precisa apagar o quadro se quiser continuar escrevendo, agora podemos continuar com o nosso argumento, porque apagamos as idéias e as distorções do que pensávamos ser a verdade, mas que não era.
Primeiro, comecemos dizendo que Bíblia pede que julguemos a nós mesmos. Em outras palavras, que examinemos a nós mesmos ( 1 Co 11:31). Segundo, somos incentivados a fazer julgamentos de maneira justa e não motivados pela aparência das coisas e das pessoas ( Lc 12:5 e Jo 7:24). Terceiro, não devemos acreditar em tudo que as pessoas que tem o dom de profetas falam, mas devemos julgar e ver se é verdade ou não (1 Co 14:29 e 1 Ts 5:21). Quarto, devemos julgar os falsos ensinos e os falsos mestres e profetas.
Enfim, devemos ter cuidado com a palavra julgar. As vezes, ela tem um significado bem diferente do que pensamos que ela tenha, porque depende de como ela é usada e qual é o contexto. Da mesma forma quando escrevemos a palavra “manga”. Pode ser: manga da camisa, manga fruta ou o verbo mangar na terceira pessoa do singular e no presente.
Quero acabar dizendo o seguinte: talvez você ache que não é bem assim. Tudo bem. Você tem esse direito. Mas só não posso dizer que é um bom julgamento. Ou seja, você já me julgou.
Para glória de Deus, para sua alegria e para transformação do mundo.
João 3:16