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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Mais uma vez no assunto Julgar

Esse assunto sempre é mal interpretado.

Ao longo dos meus poucos anos como cristão sempre ouvi algumas frases que me deixavam de orelha em pé. Por quê? Porque as frases eram ditas por cristãos que deveriam saber que o que eles estavam falando não era e não é o que a Bíblia ensina. As frases eram mais ou menos assim: “A Bíblia diz para não julgarmos”, “eu não julgo ninguém porque é errado fazer isso”, “não sei se devo julgar isso que está acontecendo porque quem sou eu para julgar alguma coisa”.

Essas frases geralmente são seguidas por um balançar de cabeça da pessoa que a ouve como se quisesse dizer: “é verdade o que você falou. É melhor deixarmos isso de lado e continuar a seguir o nosso caminho”. A impressão que dá é que elas são pessoas humildes e sábias. No entato, o meu alvo nessa postagem é desafiar você a pensar de forma diferente dessas pessoas e seguir o que a Bíblia diz a respeito desse assunto.

Talvez duas passagens da Bíblia sejam muito mal usados pelos cristãos, complicando o nosso entendimento sobre o assunto. São elas: Mateus 7:1 e Romanos 14:13. No primeiro caso, precisamos saber que a passagem não está proibindo todo tipo de julgamento até porque os próximos ensinos do sermão do monte precisam ser praticados com a ajuda do discernimento, julgamento e o pensar sobre determinadas coisas e tomar uma decisão sobre determinados assuntos ( como saberemos quem são os cães e os porcos do verso 6 ou como saberemos quem são os falso profetas (v.15). É mais que notório que o julgamento é essencial para tomarmos uma decisão). Antes, a passagem está proibindo aquele tipo de julgamento hipócrita, injusto e repleto de justiça própria. Romanos 14:13 está no mesmo barco, mas um pouco diferente. O julgamento proibido aqui é o julgamento sobre aquelas coisas que a Bíblia não proíbe e nem fala sobre aqueles assuntos. Podemos pegar como exemplo uma coisa bem simples que algumas igrejas há alguns anos ensinavam. Elas diziam, não todas e nem a maioria, que era errado jogar futebol. O que a Bíblia fala sobre o assunto? Nada. Então, se não fere mais nenhum princípio da Bíblia e tampouco um mandamento, então fica a escolha de cada cristão. Nesse sentido, Rm 14:13 diz: “Portanto, deixemos de julgar uns aos outros” ( para ajudar a entender a passagem, leia também Cl 2:16). Não é uma proibição. Os grandes vacilos que cometemos ao ler a Bíblia é pensar que ela foi escrita em versículos. Não. Existem contextos. O primeiro contexto é o da passagem. O segundo contexto é o do livro no qual o versículo está. O terceiro é o gênero do livro e o último é a Bíblia toda.

Assim como o professor que precisa apagar o quadro se quiser continuar escrevendo, agora podemos continuar com o nosso argumento, porque apagamos as idéias e as distorções do que pensávamos ser a verdade, mas que não era.

Primeiro, comecemos dizendo que Bíblia pede que julguemos a nós mesmos. Em outras palavras, que examinemos a nós mesmos ( 1 Co 11:31). Segundo, somos incentivados a fazer julgamentos de maneira justa e não motivados pela aparência das coisas e das pessoas ( Lc 12:5 e Jo 7:24). Terceiro, não devemos acreditar em tudo que as pessoas que tem o dom de profetas falam, mas devemos julgar e ver se é verdade ou não (1 Co 14:29 e 1 Ts 5:21). Quarto, devemos julgar os falsos ensinos e os falsos mestres e profetas.

Enfim, devemos ter cuidado com a palavra julgar. As vezes, ela tem um significado bem diferente do que pensamos que ela tenha, porque depende de como ela é usada e qual é o contexto. Da mesma forma quando escrevemos a palavra “manga”. Pode ser: manga da camisa, manga fruta ou o verbo mangar na terceira pessoa do singular e no presente.

Quero acabar dizendo o seguinte: talvez você ache que não é bem assim. Tudo bem. Você tem esse direito. Mas só não posso dizer que é um bom julgamento. Ou seja, você já me julgou.

Para glória de Deus, para sua alegria e para transformação do mundo.
João 3:16
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